Como a Páscoa entrelaça elementos de Libertação, Ressurreição e o Coelhinho com seus ovos coloridos e de chocolate.
Uma Jornada Pelas Pragas do Egito e a Ressurreição
A Páscoa com real significado espiritual que conhecemos tem origem no povo Hebreu e foi reinterpretado pelos cristãos no dia da ressurreição de Jesus Cristo.
A saga dos hebreus começa com a jornada de José, filho de Jacó, par o Egito. Vendido como escravo pelos próprios irmão, José se tornou o grande Governador do Egito através de suas habilidades de interpretações de sonhos. Com sua interpretações o Egito pode ser preparar para um período de fome devastadora, e é exatamente isso que trás o restante de sua família até o Egito, primeiro seus irmãos em busca de alimentos para comprar e levar para a terra de seu pai, e posteriormente o próprio Jacó a pedido de José. Agora a base já estava estabelecida para a futura escravidão do povo hebreu.
Passaram-se várias gerações desde que José chegou ao Egito. Durante esse período de prosperidade, os hebreus floresceram em número e influência, tornando-se uma comunidade significativa aos olhos dos governantes egípcios. Contudo, ao longo do tempo, mudanças no governo egípcio ocorreram , trazendo novos líderes ao cenário, cujas perspectivas em relação aos hebreus eram menos favoráveis.
Temendo uma possível revolta ou insurreição por parte dos hebreus, os novos governantes decidiram subjugá-los, impondo-lhes uma servidão implacável. Assim, quando o jugo da escravidão foi lançado sobre o povo hebreu, os descendentes de Jacó, incluindo Levi, seu último filho, já haviam partido para o descanso eterno. O peso do trabalho exaustivo e da opressão tornou-se o fardo cotidiano dos hebreus.
Muito tempo passado de escravidão, a voz de Deus ressoou através de Moisés, um hebreu criado como egípcio na corte do Faraó, chamando-o para liderar seu povo à liberdade. Seguindo as instruções divinas, Moisés confrontou o Faraó exigindo a libertação dos hebreus. No entanto, a dureza no coração do Faraó desencadeou o castigo aos egípcios através das conhecidas Dez Pragas do Egito, cada uma mais devastadora que a anterior.
- Água se transforma em sangue: O rio Nilo e todas as águas do Egito se tornaram sangue, tornando-as impróprias para consumo.
- Rãs: Enxames de rãs invadiram o Egito, saindo dos rios e entrando nas casas.
- Piolhos ou mosquitos: Uma praga de piolhos ou mosquitos infestou o país.
- Moscas: Enxames de moscas cobriram a terra.
- Peste nos animais: O gado e outros animais domésticos foram atingidos por uma doença fatal.
- Úlceras: Feridas dolorosas e inflamadas apareceram na pele das pessoas e dos animais.
- Granizo e trovões: Uma tempestade de granizo com trovões destruiu plantações e árvores.
- Gafanhotos: Enxames de gafanhotos devoraram as colheitas restantes.
- Escuridão: Uma escuridão densa cobriu o Egito por três dias, exceto nas casas dos israelitas.
- Morte dos primogênitos: O anjo da morte passou pelo Egito, matando todos os primogênitos, exceto aqueles cujas casas estavam marcadas com sangue de cordeiro.
Após a décima e devastadora praga, o Faraó finalmente cedeu e permitiu que os hebreus partissem do Egito. Essa saída apressada, conhecida como o Êxodo, marcou o início da celebração anual da Páscoa judaica (Pessach em hebraico – que significa Passar por cima, mas também é conhecida como Festa da Libertação), uma festividade que comemora a libertação dos israelitas da escravidão egípcia.
Na véspera de sua partida, Moisés instruiu o povo a sacrificar um cordeiro, untar o sangue nas ombreiras e travessas das portas de suas casas, e consumir a carne assada com pães sem fermento. Essa refeição, conhecida como a Ceia Pascal ou Seder, tornou-se parte central da celebração da Páscoa judaica, lembrando a proteção divina do anjo da morte que poupou os primogênitos israelitas.
Após deixarem o Egito, os hebreus começaram sua jornada pelo deserto rumo à Terra Prometida. Nessa travessia, enfrentaram desafios e receberam os Dez Mandamentos de Deus, selando a aliança com o Eterno.
Séculos mais tarde, a celebração da Páscoa judaica ganhou um novo significado para os cristãos. Eles passaram a associar a libertação dos hebreus da escravidão com a libertação espiritual trazida por Jesus Cristo. Na última Ceia com seus discípulos, Cristo estabeleceu uma nova aliança, comparando o pão sem fermento ao seu corpo e o vinho à sua própria sangue, que seria derramado para a remissão dos pecados.
A crucificação e ressurreição de Jesus ocorreram durante a celebração da Páscoa judaica. Assim, para os cristãos, a Páscoa (ou Páscoa Cristã) tornou-se a celebração da salvação por meio do sacrifício redentor de Cristo. A imagem do cordeiro pascal simboliza Jesus, o “Cordeiro de Deus” que tirou os pecados do mundo.
Mas, e o Coelhinho da Páscoa?
Havia outrora, nas vastas florestas e colinas verdejantes das terras dos saxões, um antigo costume arraigado nas tradições dos povos livres daquela região. Quando chegava a estação da primavera, trazendo os primeiros sopros de ar fresco após os gélidos invernos, celebrava-se em grande regozijo o Festival da Aurora.
Era nessa época que se acreditava que Eostre, a Rainha da Luz Nascente, despertava de seu sono de inverno. Filha de Essa, a deusa da fertilidade venerada pelos francos e saxões, Eostre cavalcava pelas terras em uma carruagem puxada por um hernévido, um animal de pelos macios e longas orelhas fendeladas. Aonde quer que ela passasse, os campos cobriam-se de flores viçosas e a vida renovava-se por toda parte.
Conta-se que Eostre tinha por fiel companheiro um coelho cinzento de longos pelos e olhos vivos, dotado de grande agilidade e astúcia. Esse coelhinho era tido como o mensageiro da deusa, anunciando sua chegada e preparando seu caminho. Com suas patas ligeiras, ele percorria vales e outeiros plantando ovos ornamentados com tintas coloridas, escondendo-os em moitas, sob pedras e troncos caídos.
Nesses dias de celebração da primavera, as crianças partiam em bandos pelas florestas e vilarejos em busca dos ovos enfeitados, efígies do ciclo renovado da vida depois do sono hibernal. Aqueles que encontrassem os maiores e mais belos ovos seriam abençoados com ricas colheitas e boa ventura nos meses vindouros.
Mesmo após as Eras dos Antigos terem se esvaído e uma nova fé ter chegado às terras dos homens, esse costume permaneceu entranhado nos corações dos pequenos. A lenda do coelhinho mensageiro passou a incorporar as esperanças de vida eterna trazidas pelo Cordeiro Ressurreto, Jesus Cristo. Assim, os ovos coloridos deixaram de representar apenas a renovação terrena e ganharam um significado mais elevado, símbolos da nova aliança e da imortalidade celeste.
E até os dias de hoje, quando chega a época de renovação, adultos e crianças aguardam ansiosos a visita do Coelhinho de Eostre, trazendo em sua cesta trançada os tesouros (ovos) multicoloridos.