NAVEGAÇÃO DO SISTEMA - Tópicos CLIQUE PARA ACESSAR
- Resumo Rápido
- A estética de quem não está tentando ser amado
- O centro do rosto, o centro da história
- Menos “Hey Meta”, mais controle: o botão que diz muito
- Um óculos que conversa com treino, não com vaidade
- Som mais alto, estabilização melhor e a ambição de virar “action cam sem mãos”
- E a bateria?
- Vale os US$ 499 (Preço Sugerido)
Resumo Rápido
- Técnica: Câmera centralizada de 12MP corrige enquadramentos tortos e a bateria de 6h a 9h suporta treinos longos, diferentemente dos antecessores.
- Crítica: A integração com Garmin e Strava é excelente, mas a impossibilidade de colocar lentes de grau limita drasticamente o público.
- Veredito: Não serve para o escritório. É um equipamento de nicho robusto (IP67) para ciclistas e corredores dispostos a pagar US$ 499.
Há produtos que tentam ser gentis. Querem caber em qualquer bolso, em qualquer rosto, em qualquer rotina. Eles pedem licença, pedem desculpas e, no fim, acabam existindo pela metade, como quem está sempre com medo de incomodar.
O Oakley Meta Vanguard não parece ter sido desenhado com essa ansiedade.
Ele é o oposto do “acessório neutro”. É um óculos que olha para a sua vida cotidiana e diz, com certa frieza honesta: eu não fui feito para o elevador do prédio, nem para a luz morna do café. Eu fui feito para vento, asfalto, trilha, suor, capacete e pressa.
E isso, por mais estranho que pareça, é uma boa notícia.
A estética de quem não está tentando ser amado
O Vanguard carrega a assinatura de performance que muita gente associa à Oakley: armação wraparound, lentes chamativas, aquele visual que lembra, sem esforço, o universo de corrida, ciclismo e trilha. É o tipo de óculos que, em alguns contextos, vira quase um uniforme.
O modelo apresentado contem uma armação preta e lente Prizm 24K, escolhida por atletas por realçar contraste e leitura do ambiente. O ponto interessante é que as lentes são trocáveis, então a ideia é adaptar a experiência conforme a luz e o cenário.

Mas há um “porém” que pesa para bastante: não há suporte para lentes de grau.
O Vanguard, portanto, já começa definindo um território. Ele não quer ser universal. Quer ser específico.
O centro do rosto, o centro da história
Se há um detalhe que muda o jogo, é a câmera no centro.
Em outros óculos inteligentes, a câmera costuma ficar lateralizada. Isso cria um tipo de registro que, na prática, é meio torto, ângulos estranhos, enquadramento enviesado, e o clássico inimigo de qualquer ciclista, ou seja, o capacete invadindo a cena.
O Vanguard reposiciona essa câmera para ficar acima da ponte do nariz, no meio do rosto. Parece simples, mas é um tipo de mudança que revela intenção.
Não é que o capacete desapareça do mundo, ele ainda aparece, só que agora aparece de um jeito mais “corrigível”, mais fácil de cortar.
E há também um detalhe simbólico, o LED que sinaliza gravação vai para a região central, ficando mais evidente para quem está à frente. É um gesto mínimo, mas necessário num produto que carrega uma câmera no rosto.
Menos “Hey Meta”, mais controle: o botão que diz muito
Há uma pequena humilhação contemporânea que a gente costuma aceitar em silêncio, falar com assistentes de voz em público, repetir comandos, fazer cara de paisagem, fingir que não é estranho.
O Vanguard tenta reduzir esse atrito com duas mudanças físicas:
- o botão de captura (foto e vídeo) vai para a parte inferior da armação
- surge um action button configurável, um atalho físico para funções específicas
No uso esse botão vira uma espécie de canivete, pode chamar um contato (quase um speed dial), disparar hyperlapse, abrir playlist, acionar a assistente. O ponto não é “ter mais um botão”. O ponto é não depender tanto do comando de voz.
É uma evolução pequena no papel, mas grande na vida real.
Um óculos que conversa com treino, não com vaidade
Aqui entra o que torna o Vanguard mais do que “um gadget bonito”, ou seja, as integrações.
Ele chega com suporte a Garmin e Strava, duas plataformas que praticamente definem parte do comportamento esportivo atual.
Com Garmin, a proposta é mais intensa, dá para automatizar captura de clipes a partir de métricas, como atingir zona de frequência cardíaca ou algum marco do treino. Também é possível perguntar estatísticas por voz.
Com Strava, a coisa é mais estética, você sobrepõe dados (distância, elevação, e até batimentos se houver tracker compatível) em fotos e vídeos. Não é apenas um print de tela. É uma narrativa visual com números correndo junto com a imagem.

Há, no entanto uma lacuna, a lista de integrações ainda é curta. Muita gente vive em outros apps, em outros ecossistemas, em outras tribos esportivas. Quanto mais a plataforma abrir, mais o Vanguard deixa de ser um luxo específico e vira uma ferramenta de verdade.
Som mais alto, estabilização melhor e a ambição de virar “action cam sem mãos”
Se o Vanguard se propõe a acompanhar corrida e ciclismo, ele precisa resolver um problema simples: vento e ruído.
Com alto-falantes mais potentes do que em outros modelos do ecossistema, pensados para ambiente externo barulhento. É uma melhoria que não rende manchete, mas muda a experiência de quem treina na rua.
A câmera citada é uma 12MP ultra-wide, com novos níveis de estabilização. Há um modo automático e opções manuais (baixo, médio, alto). Existe uma limitação técnica importante: gravando em 3K, a estabilização fica travada no nível médio.
Ainda assim, a avaliação reportada é positiva, a estabilização faz o óculos encostar mais perto daquilo que a gente espera de uma action cam.
O Vanguard também estreia gravação em hyperlapse e slow motion dentro dessa linha. O hyperlapse sai um pouco “trêmulo” e sem ajustes finos. Já o slow motion parece ter agradado mais, especialmente para registros com pets e crianças, onde o POV vira quase uma brincadeira.
E a bateria?
Existem tecnologias que são legais por cinco minutos e frustrantes por cinco horas. Wearables sofrem disso como poucos.
O Vanguard, segundo os números citados, promete até 9 horas de uso típico e 6 horas de áudio contínuo. No teste relatado, passou um pouco de 6 horas em áudio.
Isso não é detalhe. Isso é a diferença entre o óculos ser um brinquedo de treino curto e ser companhia de prova longa, trilha demorada, dia inteiro fora.
Ele também traz IP67, e isso muda o tipo de coragem que você tem ao usar o produto. Não é “pode tudo”, mas é “não precisa viver com medo”.
Vale os US$ 499 (Preço Sugerido)
O Vanguard custa caro e não tenta esconder.
A pergunta, então, não é “ele é caro?”. É: para quem ele existe?
Se você quer um óculos para todos os dias, ele vai parecer exagero, quase caricatura. Mas se você treina de verdade, se vive em outdoor, se sente falta de registrar momentos sem parar tudo para pegar o celular, ele começa a fazer sentido. Especialmente quando coloca na mesa coisas que outros modelos entregam de forma mais tímida, câmera melhor posicionada, mais bateria, mais volume, mais resistência, e integração com plataformas de treino.
No fim, ele parece carregar uma filosofia rara na tecnologia atual, a coragem de não agradar todo mundo.
E talvez seja exatamente isso que o torne interessante.